No dia 28 de novembro de 2024 foi realizado o último UEMG na Cena do ano de 2024, presencialmente, em parceria com o projeto Cinema em Movimento – Circuito Universitário, que é realizado pela MPC Filmes com o patrocínio da Petrobras, Ministério da Cultura e Governo Federal. O auditório da Faculdade de Educação da UEMG, localizado na Av. Prudente de Morais, em Belo Horizonte, ficou lotado de espectadores/as para assistir o documentário “Olha pra elas”. Depois todos/as puderam ouvir as considerações apresentadas pelas duas convidadas: Karol Oliveira de Amorim, professoras da PUC Minas e ex-pedagoga do presídio José Maria Alkimin e Daniela Oliveira Ramos dos Passos, professora da FaE/UEMG e coordenadora do Núcleo de estudos, pesquisa e extensão voltado para mulheres “Tessituras de Nós”.
A mesa de debate foi composta pelas professoras da FaE/UEMG e idealizadoras do “UEMG na Cena”: Amanda Tolomelli e Aline Choucair. Além delas, Karol Amorim e Daniela Passos falaram sobre o filme e proporcionaram um excelente debate sobre as condições do cárcere feminino brasileiro.
Karol que atuou por 15 anos no presídio José Maria Alkimin, localizado em Ribeirão das Neves/MG, falou que mesmo com tanto tempo de experiência neste setor, ainda se emociona com as histórias das mulheres apresentadas no filme. “Quando uma das personagens diz: “Amor só de filho”, mostra pra gente o papel social em torno da mulher. A cadeia pesa muito para os/as filhos/as destas mulheres, elas são o esteio da casa e se elas caem a família também cai”, pondera. A Karol atualmente trabalha dentro da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (SEJUSP) e falou que com este novo cargo pode pensar mais no fomento das políticas públicas do Estado direcionadas para as mulheres encarceradas.
A professora Daniela Ramos trouxe números alarmantes sendo que 68% das mulheres encarceradas em Minas Gerais são negras e 30% são jovens. De acordo com o Ministério da Justiça, o Brasil é o 4º país com o maior número de mulheres “atrás das grades”. A maioria por conta do tráfico de drogas. Destas, 74% são mães e por isso, a professora falou da importância de se pensar essa maternidade. “Falta bem-estar social, emprego, serviço social direcionado para essas mulheres. Elas ficam ainda mais abandonadas quando vão presas”, diz.
Foi uma noite para se pensar e várias pessoas quiseram falar sobre o assunto. Mesmo com tantas informações importantes e tristes, as professoras Amanda e Aline puderam dar a boa notícia: em 2025 O UEMG na Cena vai expandir e elas irão desenvolver um projeto de pesquisa, já aprovado em fomento pela FAPEMIG, buscando alcançar a Educação Básica por meio dos livros didáticos, em torno das temáticas de Cinema e Direitos Humanos.
Matheus Gontijo, representando o Cinema em Movimento, em parceria com o UEMG na Cena, falou sobre o projeto e elogiou a democratização do cinema dentro da UEMG. “Estou encantado com este projeto [UEMG na Cena] e gostaria de participar mais vezes”, fala. Vem com a gente também!